Após o domingo de Páscoa a Igreja vive o Tempo Pascal;
são sete semanas em que celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre
os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At1,2).
Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a sua
Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida
no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado
à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.
O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego
= “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas
Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da
Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e
júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).
É importante não perder o caráter unitário dessas sete
semanas. A primeira semana é a “oitava da Páscoa”. Ela termina com o domingo da
oitava, chamado “in albis”, porque nesse dia os recém batizados tiravam as
vestes brancas recebidas no dia do Batismo.
Esse é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a
Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e
gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a
Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus.
Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a
Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a
Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos”
e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o
inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço
do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.
A Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete
semanas do Tempo Pascal, para “prolongar a alegria da Ressurreição” até a
grande festa de Pentecostes. É um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse
tempo deve ser vivido na expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o
tempo de um longo Cenáculo de oração confiante.
Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo
especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações,
até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da
Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido porque o Senhor
ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de
renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa vida e o nosso destino,
como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá”
(Salmo 35,6).
Os vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por
exemplo, “terceiro domingo depois da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As
leituras da Palavra de Deus dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão
voltados para a Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos
Apóstolos, as ações da Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o
Senhor ressuscitado e o seu Reino, com destemor e alegria.
Portanto, este é um tempo de grande alegria espiritual,
onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado que
transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças,
onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os
pecados, superar os vícios, renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo
batizado: levar o mundo para Deus, através de Cristo. É tempo de anunciar o
Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.
Então, a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa
(Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do domingo da Ressurreição,
colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de
que “o tempo especial de graças” que significa a Páscoa, se estenda por oito
dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as
graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre
elas suas Bênçãos copiosas.
Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e
especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É
uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé,
esperança, confiança e humildade.
As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o
final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias
de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de
nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à
nossa disposição tão frequentemente.
Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes
tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão
maternalmente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse
tempo de graça para renovar nossa vida espiritual e crescer em santidade.
Fonte: Prof. Felipe Aquino e copiado do Blog Semeando Catequese.