O tema da Campanha da Fraternidade desse ano discute a questão do Tráfico de pessoas.
É a primeira vez que a CNBB trata do tema.
A Arquidiocese (de Londrina) preparou uma síntese do Texto Base, que agora partilho. Creio ser apenas uma introdução a discussão do tema, que certamente nos levará a leitura integral do Manual da CF 2014.
-------------------------------------------------------
A CNBB nos apresenta a
Campanha da Fraternidade como itinerário de libertação pessoal, comunitária e
social. Tráfico Humano e Fraternidade é o tema da Campanha para a quaresma em
2014. O lema é inspirado na carta aos Gálatas: “É para a Liberdade que Cristo
nos libertou” (5,1).
O Tráfico Humano viola a
grandeza de filhos, é cerceamento da liberdade e o desprezo da dignidade dos
filhos e filhas de Deus. Resgatar essa dignidade, identificar as práticas de
tráfico humano e denunciá-lo são objetivos dessa Campanha da Fraternidade.
Mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar o mal do Tráfico
Humano, a Campanha propõe-se a reivindicar dos poderes públicos, políticas e
meios para a reinserção das pessoas atingidas e sensibilizar para a
solidariedade com ações preventivas.
As principais modalidades do
Tráfico Humano são: Trafico para exploração no trabalho, para exploração
sexual, para extração de órgãos, para adoção de crianças, para exploração da
força de trabalho, para atividade ilícita. O Tráfico Humano caracteriza-se pela
ampla estrutura do crime organizado, em rotas nacionais e internacionais e
internacionais, pela invisibilidade ajudada pela falta de denúncia e pelo
aliciamento e a coação.
A globalização com a
competição econômica tem provocado migrações de pessoas em busca de melhores
condições de trabalho e de vida. Essas pessoas tornam-se vulneráveis perante a
ação de tráfico humano. Temos que distinguir na migração atual, tráfico de
pessoas do contrabando de migrantes, pois nesse último, existe o consentimento
do trabalhador sujeitando-se a uma condição de ilegalidade. Visando o lucro
acima de tudo, a globalização econômica gera uma massa de excluídos sujeitados
à terceirização á informalidade e as formas precárias de trabalho. Dessa
condição aproveita-se o tráfico humano para aliciar pessoas, com propostas de
trabalho enganosas.
O enfrentamento do crime do
Tráfico Humano exige a cooperação entre os países, em áreas como a criminal,
jurídica, tecnológica, econômica e de meios de comunicação. O Brasil adotou a
“Convenção de Palermo” das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional onde foi assinado um Protocolo Adicional conhecido como”
Protocolo de Palermo”. Esse instrumento legal internacional, o principal para
prevenção, repressão e punição do tráfico humano, define o crime e aponta os
elementos que caracterizam:
Os atos mais comuns o
recrutamento; o transporte; a transferência; o alojamento; o acolhimento de
pessoas.
Os meios que configura o
tráfico- ameaça; uso da força; outras formas de coação; rapto; engano; abuso de
autoridade; situação de vulnerabilidade; aceitação de pagamentos ou benefícios
para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre a outra.
A principal finalidade- A
exploração da pessoa sob várias formas: prostituição e outras formas de
exploração sexual; a servidão; a remoção de órgãos. É importante frisar que,
para a configuração do crime de tráfico humano, o consentimento da vítima é
irrelevante. Os traficados devem ser vistos como vítima e são protegidos pela
lei brasileira, mas ainda faltam leis mais abrangentes quanto ao crime de
tráfico de pessoas.
O II Plano Nacional de
Enfrentamento ai Tráfico de Pessoas ( 2013-1016) pretende: a Integração e
fortalecimento das políticas públicas, redes de atendimento e organizações para
a prestação de serviços; capacitação para o enfrentamento ; produção, gestão e
disseminação de informação; campanhas e mobilização.
Há necessidade de conscientizar
a sociedade da importância de informar, de denunciar ao Poder Público para que
se possa investigar e punir os que praticam o crime do tráfico humano, através
dos canais oficiais de denúncia disponíveis em todo o Brasil.
A Igreja é solidária com as
pessoas traficadas e comprometidas com a evolução da consciência sobre o valor
da dignidade humana, fundamentada na Sagrada Escritura. Essa dignidade é
assumida na medida em que o ser humano vive seus relacionamentos: consigo, com
a natureza com o outro e com Deus em seu plano de Amor.
A ruptura dessas relações leva
ao pecado da violência, da exploração do outro, agressões à dignidade humana
como o tráfico de pessoas. A Boa Nova de Jesus como vemos em Gálatas “É para a
liberdade que Cristo nos libertou” (5,1) é uma liberdade para o serviço (Rm
6,22) e para o compromisso com a justiça do Reino
( Rm 6,16) . “Fostes chamados
para a liberdade” (Gl 5,13) nos impele a vencer a idolatria do dinheiro, da
ideologia e a tecnologia que se encontra na origem do pecado do Trafico Humano,
onde o TER sobrepõe-se ao SER. Todo cristão é ungido no Batismo para ser um
libertador como Jesus, por isso o Tráfico Humano não é somente uma questão
social, mas também, eclesial e desafio pastoral. A Igreja é desafiada a ser
advogada da justiça e a defensora dos pobres, cabe a ela emprestar sua voz para
quem não consegue gritar, denunciar. Os três caminhos de ação que desponta são:
prevenção, cuidado pastoral das vítimas e a sua proteção e reintegração na
sociedade.
O Tráfico Humano beneficiado
por preconceitos sociais, raciais e sexuais, agride a dignidade e liberdade de
todos, por isso sua erradicação deve ser assumida por todos. Uma conversão dos
corações para a solidariedade e cuidado com aponta para um caminho de menos
opulência, menos concentração de riqueza e esbanjamento. Variam pastorais e
organismos envolvidos com o tema foram reunidas pela CNBB ( 2011) no Grupo de
Trabalho de Enfrentamento ao Tráfico Humano. Sem essas articulações da Igreja e
também com a sociedade civil, não se transformará em realidade os três ps (
prevenção, punição e proteção) planejados pelo II Plano Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (213-216).
Fortalecer a defesa da
dignidade do ser humano e esclarecer sobre a grave violação que o Trafico Humano
representa, exige que sejamos como o bom samaritano. É preciso resistir “a
cultura do bem estar que leva á globalização da indiferença” denunciada pelo
Papa Francisco em Lampedusa-Italia.
Fonte: Texto escrito por Padre Edivan Pedro, com informações do Site da Arquidiocese de Londrina e publicado em seu site pessoal na internet. Clique AQUI para visitá-lo.
A PARTIR DO DIA 23 DE FEVEREIRO DE 2014
CLIQUE AQUI PARA TER ACESSO
A NOSSAS ATIVIDADES DE CATEQUESE
COM O TEMA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2014.
Um comentário:
Achei maravilhosa a explicação sobre a Campanha da Fraternidade.
Postar um comentário