Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
A Igreja Católica decidiu, durante a
Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
promover um Ano da Paz. Essa decisão importante fundamenta-se na
urgência de unir esforços para transformar a realidade e lutar,
incansavelmente, na promoção da paz, que é um dom de Deus, entregue aos
homens e mulheres de boa vontade pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo,
Salvador e Redentor.
Ao investir na promoção do Ano da Paz, a
Igreja, a partir de sua tarefa missionária de anunciar Jesus Cristo e
seu Reino, empenha-se e busca sensibilizar outros segmentos da sociedade
para enfrentar a violência, que atinge de modo arrasador a vida, a
dignidade humana e as culturas. Uma fonte de sofrimento que ameaça o
futuro da humanidade, com graves consequências para diferentes povos e
sociedades. Ao promover o Ano da Paz, a CNBB aciona a grande rede de
comunidades de fé que forma a Igreja no Brasil para que, em parceria com
outras instituições, seja cultivada uma consciência cidadã
indispensável na construção de uma sociedade sem violência. Para isso,
conforme ensina Jesus no Sermão da Montanha, é necessária a vivência de
uma espiritualidade que capacite melhor os filhos de Deus, tornando-os
construtores e promotores da paz.
Trata-se de um percurso longo a ser
trilhado, uma dinâmica complexa a ser vivida, para que o coração humano
torne-se coração da paz. O Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica
Alegria do Evangelho, sublinha que, enquanto não se eliminarem a
exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos,
será impossível erradicar a violência que, venenosamente, consome vidas,
mata sonhos e atrasa avanços.
A vivência do Ano da Paz é uma tarefa
que deve ser assumida pelos homens e mulheres de boa vontade, empenhados
no trabalho de contribuir para que cada pessoa se reconheça como um
coração da paz. Esse serviço deve ser vivido de modo criativo, sem
enrijecimentos ou complicações, valendo-se de estruturas, instituições,
especialmente as educativas e os meios de comunicação. No exercício
dessa tarefa, é preciso cultivar uma espiritualidade que determina
rumos. Ao mesmo tempo, torna-se imprescindível exercitar a intrínseca
dimensão política de nossa cidadania, lutar pelo estabelecimento de
dinâmicas e processos que ajudem a avançar na erradicação dessa
assombrosa e crescente onda de violência que se abate sobre nossa
sociedade, provocada, de certo modo, pela mesquinhez que caracteriza o
mundo atual.
A vivência do Ano da Paz, ainda que sem
impactantes eventos, é a esperança de que as ações simples e cotidianas,
de cada pessoa, podem provocar grandes mudanças, especialmente as
culturais, que contribuem para a manutenção da violência. No Brasil, por
exemplo, as estatísticas mostram que, anualmente, o número de
homicídios é equivalente ao de guerras pelo mundo afora. Não se pode
abrir mão de análises profundas com força sensibilizadora, capaz de
despertar certa indignação sagrada e cidadã. Também são importantes os
debates em congressos, seminários e outras modalidades, aproveitando
oportunidades variadas para se falar do tema da violência e suas
consequências, que acabam com tudo – inclusive com a possibilidade de se
partilhar ocasiões festivas.
A ausência da paz inviabiliza, por
exemplo, que os diferentes partilhem momentos de festa nos estádios de
futebol, de modo saudável, alegre e fraterno. Infelizmente, prevalecem
situações de selvageria nos estádios e nas ruas. A violência se faz
presente também no ambiente das empresas, escritórios e,
abominavelmente, no sacrossanto território da família, pela
agressividade contra as mulheres. A ausência da paz nos lares, o
desrespeito às mulheres, impede que crianças e jovens desfrutem do
direito insubstituível de ter uma família, escola do amor e humanização.
Que o Ano da Paz comece sempre pelo
exercício eficaz de se silenciar, em comunhão com os membros da própria
família, nos escritórios, salas de aulas, nas igrejas, nas reuniões e em
outros grupos. Um minuto de silêncio pode fazer diferença no cultivo da
paz no próprio coração, tornando-o um coração da paz. Nesse caminho,
cada pessoa se qualifica para atuações mais comprometidas na mudança de
cenários, valorizando os pequenos gestos e as pequenas mudanças na
construção da grande e urgente transformação cultural, um “passo a
passo” para vencer a violência. Do tempo do Advento - preparação para o
Natal deste ano - até a celebração do Natal em 2015, vamos vivenciar o
Ano da Paz, oportunidade para cultivar uma densidade interior. Essa
experiência permitirá a todos, no dia a dia, em diferentes
oportunidades, com gestos e ações, contribuir para o novo advento, a paz
entre nós.
Faça o download do banner e da logo do Ano da Paz!
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Fonte: Site da CNBB.
Nossas "Sementes da fé!" sobre este tema poderão ser visualizadas clicando AQUI a partir do dia 18 de janeiro!
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