Texto escrito para a Revista Mercês, por Frei Will Bruno,
Diácono e futuro Sacerdote Mercedário!
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Estamos no ano da fé, mas de onde vem essa
fé? Quem nos deu? Em que cremos?Quando fomos batizados recebemos a luz da fé.
Ela nos foi transmitida não somente por nossos pais, mas principalmente por
quem lhes deu a fé: a comunidade de fé; a Igreja. Logo ficar rezando em casa
não é a mesma coisa que ir rezar na igreja onde a comunidade de fé se reúne. O
quem foi batizado se torna membro da Igreja e nela e com comela deve expressar
sua fé. “O povo de Deus, ou seja, a Igreja, representada pela comunidade local,
deve tomar parte no batizado das crianças como toma no dos adultos... Assim se
demonstra que a fé, em que são batizadas as crianças, não é somente da família,
mas constitui verdadeiro tesouro de toda a Igreja de Cristo”.[1]
Por isso é importante participar dos atos
litúrgicos da Igreja. Neles nossa fé é fortalecida pela escuta da Palavra e
pelos sacramentos. É tão verdade isso que os sacramentos são as celebrações da
nossa fé. Por exemplo, a missa, ápice da vida da Igreja resume toda a nossa
fé. Nela celebramos o mistério pascal de
Cristo e nossa vida nesse mistério. Não é por acaso que recitamos o credo nas missas
dominicais. Porque é o credo que celebramos nela. “ Anunciamos Senhor a vossa
morte e proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus”[2]
que está ligado ao “...foi crucificado, morto e sepultado... ressuscitou e
subiu aos céus... de onde há de vir para julgar vivos e mortos etc.”[3]
Por isso podemos dizer que cremos na Igreja.
Em um primeiro momento, mais do que acreditar no que ela diz é acreditar dentro
dela, porque nossa fé nos foi dada por ela. Assim podemos que em e como Igreja
é que se tem fé, porque se adere à fé que ela proclama. Embora cada fiel diga
“eu creio”, é apenas no “nós cremos” que a fé adquire seu real significado.
Onde dois ou mais estiverem reunidos no meu nome estarei no meio deles.
Além do mais só cremos porque houve quem
anunciasse, quem nos falasse sobre o crer, o que crer, como crer. Daí que nossa
fé é “em Igreja”. “Como, pois invocarão aquele em quem não creram? E
como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem
pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” ( Rm 10, 14-15) A igreja por
ordem de Jesus Cristo tem a missão de anunciar e levar a evangelho a toda criatura.
Os sacramentos se tornam assim lugar privilegiado de anuncia da palavra de Deus
na Igreja, ela como Mãe e mestre nos alimenta com o pão da palavra e da
eucaristia.
Agora
em um segundo momento podemos dizer que acreditamos no que a Igreja proclama,
em especial por causa da comunhão dos fiéis. O que a Igreja ensina através de seu
magistério é a atualização e aplicação do que foi revelado. Deus continua
agindo na história humana. A Igreja no seu diálogo com o mundo atualiza por
força do Espírito Santo a mensagem de salvação, de forma encarnada. “Para levar a cabo esta missão, é dever da
Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz
do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração,
às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura,
e da relação entre ambas.”[4]
A Igreja está a serviço da salvação da
humanidade, da salvação do mundo, por isso ela se situa na “continuidade” com
Jesus, o salvador da humanidade, sob o sopro do Espírito Santo, aquele que
santificando visa conduzir todas as pessoas em Cristo para Deus Pai. “Nenhuma ambição terrena move a
Igreja, mas ùnicamente este objectivo: continuar, sob a direcção do Espírito
Consolador, a obra de Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade
(Jo. 18,37), para salvar e não para julgar, para servir e não para ser
servido(Jo. 3, 17; Mt. 20, 28).”[5]
[1]Ritual de
Batismo de Crianças nº 7
[2] Aclamação
anamnética ou memorial recitada após as palavras da instituição da eucaristia-
tomai e comei, tomai e bebei.
[3] Credo ou
Símbolo Apostólico.
[4]Gaudium
et Spes – Sobre a Igreja no mundo atual
nº 4
[5] Ibidem nº 3
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