História da Quarta-feira de cinzas da Quaresma
Quaresma, uma vez mais. Tempo forte na caminhada do ano
eclesiástico. Convite e apelo para o silêncio, a prece, a conversão.
E quando se fala em quaresma, geralmente a gente tem uma
ideia de uma coisa negativa, como antigamente.
Tempo de medo, de cachorro zangado, de mula sem cabeça e
outras coisas mais. Para outros a quaresma parece superada pelo modernismo e é
hoje apenas uma recordação negativa do passado ou um retrato na parede,
simplesmente.
Penso, para nós cristãos é o tempo de conversão, de
mudança de vida, de acolher com mais amor a misericórdia de Deus que nos quer
perdoar.
E é também o tempo onde as comunidades se preparam para
viver o mistério da Páscoa. Isto é, tempo da hora de Jesus Cristo do seu
seguimento em que ele caminha em direção da sua hora que é a entrega total da
sua vida a Deus pelos homens, seus irmãos. A quaresma é para cada um de nós um
tempo de oração e de conversão.
Tempo de crescer em comunhão com todos os homens,
principalmente com os mais pobres e necessitados.
Eles nos lembram o rosto sofrido de Jesus e nos convidam
a viver com mais fidelidade a caridade, o amor fraterno, que o Evangelho exige
de nós.
A quaresma se
inicia com a Quarta-feira de cinzas. Por que?
A Bíblia nos conta que, certa vez, o general Holofernes,
com um grande exército, marchou contra a cidade de Betúlia[1].
O povo da cidade, aterrorizado,
reuniu-se para rezar a Deus. E todos cobriram de cinzas as suas cabeças,
pedindo o perdão e a misericórdia de Deus[2].
E Deus salvou o povo pelas mãos de Judite[3].
A cinza, por sua leveza, é figura das coisas que se acabam e desaparecem. É
usada como um sinal de penitência e de luto. Nós a usamos hoje, neste
Quarta-feira de cinzas, o primeiro dia da quaresma, reconhecendo que somos
pecadores e pedindo perdão de Deus, desejosos de mudarmos de vida.
Quarta-feira de
cinzas tempo de jejum e abstinência!
Certa vez, numa exposição de pinturas em Londres, um
artista apresentou um quadro que ficou famoso. Quem olhasse para aquela
pintura, à primeira vista tinha a impressão de estar vendo um homem piedoso em
atitude de oração: ajoelhado, de mãos postas, cabeça baixa, possuído de grande
paz interior. Aproximando-se, porém, da tela e vendo com mais atenção,
percebia-se que a coisa era bem diferente: via-se um homem espremendo um limão
num copo, tendo o rosto tomado de ira. O genial pintor quis retratar ali um
homem hipócrita. De fato, olhando superficialmente, o hipócrita parece um homem
piedoso. Mas é só aparência. Na realidade, até quando está rezando, está muitas
vezes tramando alguma coisa contra alguém. O grande pecado do hipócrita é esse:
Ele não serve a Deus. Pelo contrário: serve-se de Deus. É um falso santo. Tem
mãos postas, a cabeça inclinada e olhar de piedade, mas não está orando. Ao
contrário: está apenas tirando proveito da religião em benefício de seu
egoísmo. Esse tipo de gente só faz mal à Igreja tanto é que, quando a televisão
quer ridicularizar a religião, focaliza esses piedosos hipócritas. Mostra tais
beatas rezando na igreja, com véu na cabeça, rosário na mão e olhares
piedosos... Depois mostra os mesmos fazendo o contrário fora da Igreja.
Jesus era chamado de o bom mestre[4].
Como de fato Ele o era. Perdoou a Maria Madalena, a pecadora[5],
perdoou a Pedro que o traiu[6],
perdoou o ladrão no alto da cruz[7],
mas se existia uma classe de gente que ele não engolia eram os escribas e os
fariseus. Para eles Jesus lançou as palavras mais duras: "Ai de vós
escribas e fariseus hipócritas... vós pareceis com os sepulcros caiados, que é
pintado por fora, mais lá dentro existe toda a espécie de podridão"[8].
Gostavam de se mostrar ao fazer o jejum, ao dar esmolas, pagar o dízimo, etc.[9]
O jejum, a esmola e a oração são expressões de nossa gratidão a Deus por tudo o
que ele nos concede, por isso não há motivo para exaltar nossas ações caridosas
perante os homens.
[1] Judite 2,5
[2] Judite
7, 4
[3] Judite
9, 1
[4]
Marcos 10,17
[5]
Lucas 7,36-50
[6]
Lucas 22,31-34
[7]
Lucas 22,42-43
[8]
Mateus 23,27
[9]
Lucas 18,9-14
Fonte: Texto escrito por Pe. Lucas de Paula Almeida, CM e publicado no site Catequese Católica.
Obs.: Os versículos bíblicos anotados neste texto foram acrescentados por mim a fim de ajudar na melhor compreensão deste texto.
Obs.: Os versículos bíblicos anotados neste texto foram acrescentados por mim a fim de ajudar na melhor compreensão deste texto.
2 comentários:
Texto sobre a Quaresma maravilhoso...
Muito bom!
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