terça-feira, 10 de setembro de 2013

O culto às relíquias. Por Renan Augusto.

Este texto foi escrito por Renan Augusto, colunista do site da Diocese de Campos Mourão e um grande amigo que Deus me deu ao longo destes anos de caminhada dentro de sua Igreja!

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Relicário com o sangue do Beato João Paulo II

O culto das relíquias está ligado ao culto da veneração dos santos, que é uma necessidade que faz parte dos sentimentos humanos, para testemunhar o respeito a pessoas veneráveis. A palavra “relíquia” tem sua origem no latim “reliquiae”, resto. Ela é um fragmento de um osso ou objeto que teve alguma relação com um Santo (a), como: terço, lenço, roupas, etc., ao qual nós católicos prestamos veneração. A Igreja definiu a segunte classificação para as relíquias: primeiro grau é constituído pelo corpo (osso, cabelo, etc), a de segundo grau pelos objetos pessoais do santo: (Roupas, terço, etc.), a terceira inclui pedaços de tecido que tocaram no corpo do santo ou no relicário onde se encontra os seus despojos. Só se venera publicamente as relíquias de primeiro grau, as de segundo e terceiro grau são para devoção particular.

A veneração às relíquias é confirmada pela relação física que o Santo (a) teve com Deus, porque foram templos do Espírito Santo e por Este utilizado para produzir boas obras. A relíquia permite manter-nos quase em contato com este corpo. Por isto que os seus restos mortais são honrados desde o início da Igreja, onde os primeiros cristãos recolhiam os despojos dos mártires e os sepultavam com reverencia, onde percebiam o valor espiritual que se prendia a tais elementos, mas a piedade dos fiéis com as relíquias era toda dirigida à pessoa do Santo, que se tornara intercessor diante de Deus. Assim se foi consolidando o culto das relíquias na Igreja.

A Sagrada Escritura oferece fundamento à prática cristã da veneração das relíquias. No Antigo Testamento vemos como Deus, mediante o mando do Profeta Elias se dignou a realizar um milagre, onde Elias ferindo o mar com esta relíquia separa o mar em duas bandas:

“Tomou o mando de Elias, que havia caído dele e bateu com ele nas águas, dizendo: ‘Onde está Iahweh, o Deus de Elias? ’ Bateu também nas águas, que se dividiram de um lado e de outro, e Eliseu atravessou o Rio.” (2 Reis 2,14)

Também podemos ver que os ossos de Elias, em contato com um cadáver, tornam-se instrumento de ressurreição:

“Aconteceu que, enquanto alguns homens estavam sepultando um morto, avistaram um desses bandos; jogaram o corpo dentro do túmulo de Eliseu e partiram. O corpo tocou nos ossos de Eliseu, recobrou vida e pôs-se de pé.” (2Rs 13,21).

No Novo Testamento também há várias passagens que dão base sólida a veneração das relíquias. Nos Atos dos Apóstolos São Lucas narra milagres e exorcismos ocorridos com relíquias de São Paulo ainda em vida:

“Entretanto, pelas mãos de Paulo, Deus operava milagres não comuns. Bastava, por exemplo, que sobre os enfermos se aplicassem lenços e aventais que houvessem tocado seu corpo: afastavam- se deles as doenças, e os espíritos maus saíam. Bastava, por exemplo, que sobre os enfermos se aplicassem lenços e aventais que houvessem tocado seu corpo: afastavam- se deles as doenças, e os espíritos maus saíam.” (Atos, 19, 11-12)

O Evangelho de São Mateus nos relata a história da hemorroísa que foi curada assim que tocou no manto de Jesus:

“Enquanto ia, certa mulher, que sofria de fluxo de sangue fazia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto, pois dizia consigo: ‘Será bastante que eu toque o seu manto e ficarei curada’. Jesus, voltando-se e vendo-a disse-lhe: “Ânimo minha filha, tua fé te salvou”. Desde aquele momento a mulher foi salva.” (Mateus 9, 20-22)

É importante reconduzir a devoção pelas sagradas relíquias, mas também é fácil cair na superstição, achando que a relíquia é um amuleto, relíquia não é amuleto. Quando oro diante do corpo de um Santo, agradeço a Deus que conduziu esta pessoa no caminho rumo à Santidade. A Igreja não só recomenda a veneração das relíquias, mas se preocupa também com os abusos e irreverências. Exige que as relíquias sejam autenticadas, mediante documento oficial pela autoridade competente, para que possam ser expostas para veneração pública.

Portanto, o que mostra como a Igreja sempre valorizou as relíquias é o fato de que durante séculos não se consagrava altar algum sem que na respectiva pedra d´ara houvesse alguma relíquia. A missa era celebrada num altar de pedra ou havia sempre uma pedra no seu centro onde sobre ela, eram colocados a patena e o cálice da celebração à qual se juntavam as relíquias dos mártires. Este fato nos mostra como a Igreja une o sacrifício de Cristo e a morte dos justos cristãos.

A Igreja proíbe fazer negócio com as relíquias dos Santos. Por este motivo nunca devem ser vendidas. Devemos sempre nos lembrar que, por meio dos Santos, adoramos a Deus.

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