Como
diz o ditado: "o que é combinado não sai caro", aqui está a terceira e última parte da história do sacrário nas nossas
Igrejas! Espero que gostem, e se quiserem ler a segunda parte, é só
clicar AQUI!
As normas litúrgicas atuais da Igreja dispõem o seguinte acerca do Sacrário ou Tabernáculo:
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As normas litúrgicas atuais da Igreja dispõem o seguinte acerca do Sacrário ou Tabernáculo:
“«De acordo com a estrutura de cada igreja e
os legítimos costumes de cada lugar, o Santíssimo Sacramento será guardado em
um sacrário, na parte mais nobre da igreja, mais insigne, mais destacada, mais
convenientemente adornada» e também, pela tranquilidade do lugar, «apropriado
para a oração», com espaço diante do sacrário, assim com suficientes bancos ou
assentos e genuflexórios. Atenda-se diligentemente, além disso, a todas as
prescrições dos livros litúrgicos e às normas do direito, especialmente para
evitar o perigo de profanação.” (Redemp. Sacr. n. 130)[1]
O sentido de o Sacrário ter um
posto de destaque na configuração arquitetônica da Igreja é explicada pela
mesma Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 129): favorecer a adoração e o
culto de latria ao Cristo Eucarístico em todos os momentos, mesmo fora da Santa
Missa, além da finalidade prática de custodiar as Hóstias destinadas à comunhão
dos enfermos e outros incapacitados de participarem da celebração da Santa
Missa.[2]
Refletindo encima desses
princípios, de que a localização do receptáculo eucarístico deve estar
localizado de tal forma que possa ser reconhecido individualmente por todos os
fiéis, o Papa Bento XVI recorda a importância da lâmpada perenemente acesa
junto ao sacrário para recordar a Presença do Senhor e pondera as seguintes
considerações:
“Tendo em vista tal objetivo, é preciso
considerar a disposição arquitectónica do edifício sagrado: nas igrejas, onde
não existe a capela do Santíssimo Sacramento mas perdura o altar-mor com o
sacrário, convém continuar a valer-se de tal estrutura para a conservação e
adoração da Eucaristia, evitando porém colocar a cadeira do celebrante na sua
frente. Nas novas igrejas, bom seria predispor a capela do Santíssimo nas
proximidades do presbitério; onde isso não for possível, é preferível colocar o
sacrário no presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho
absidal ou então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível. Estas
precauções concorrem para conferir dignidade ao sacrário que deve ser cuidado
sempre também sob o perfil artístico. Obviamente, é necessário ter em conta
também o que diz a propósito a Instrução Geral do Missal Romano. Em todo o
caso, o juízo último sobre esta matéria compete ao bispo diocesano. (Sacr.
Car., n. 69)”[3]
Como se pode ver, o Santo
Padre enumera 3 possibilidades:
1) Continuar usando o Sacrário
do altar antigo junto à parede;
2) Construir uma Capela
própria para o Santíssimo Sacramento;
3) Dispor o Sacrário em um
local visível, de preferência no fecho absidal.
Das três formas a opção 2 é
bastante comum na construção de novas igrejas e inclusive é a recomendada
preferencialmente pelo Arcebispo Mauro Piacenza. Contudo, ao escolher essa
opção deve-se observar duas coisas: a Capela do Santíssimo deve ser um lugar de
destaque e de fácil acesso aos fiéis e deve proporcionar um ambiente digno que
transmita uma atmosfera de sacralidade propícia à oração, meditação e adoração.
Em muitas construções recentes, influenciados por um liturgicismo desordenado,
a Capela eucarística acaba se tornando uma forma de “esconder” o Santíssimo dos
fiéis (pois estes liturgicistas erroneamente crêem que devoção pessoal e
prática litúrgica se antagonizam). Tal situação acaba gerando também alguns
sacrários de gosto duvidoso, com materiais e formas indecorosas e contrárias à
tradição iconográfica da Igreja.
A primeira e a terceira opção
são semelhantes. Os fiéis já estão familiarizados com a presença do Sacrário no
centro do fecho absidal, mesmo que não esteja sobre um antigo altar, ele ainda
adquire um destaque latente no edifício. Há contudo de se cuidar para que Altar
e Sacrário formem um conjunto harmonioso no presbitério. Este modelo de dispor
o Sacrário no centro do fecho absidal é utilizado, por exemplo, pela Abadia
beneditina de Le Barroux na França e pela Catedral de São Paulo em Birmingham,
Alabama, nos Estados Unidos. Outra opção nesse caso seria também construir
sacrários artisticamente trabalhados na parede do presbitério, inspirando-se
nos modelos góticos da Basílica de São Clemente em Roma (que ainda está em uso)
ou nos Sakramenthauz alemães (contudo levando-se em conta as normas vigentes da
Igreja quanto aos materiais a serem utilizados na confecção do Tabernáculo). Já
as antigas formas de pomba ou píxide estão certamente descartadas, haja vista
serem pequenas demais para ocuparem a posição de destaque e visibilidade
exigida pelas atuais normas litúrgicas.
Como a Liturgia desenvolve-se
em continuidade e não em ruptura com a Tradição, podemos refletir a partir das
práticas tradicionalmente usadas. Podemos partir de um princípio semelhante ao
antigo Cerimonial dos Bispos: em paróquias de vida menos tumultuada, onde não
haja grande concurso de pessoas, disponha-se o Sacrário sobre o altar ou no
fecho absidal de forma que fique suficientemente visível a todos os fiéis. Nas
igrejas onde haja grande concurso de pessoas ou grande quantidade de Ofícios
solenes (igrejas turísticas, Basílicas, Catedrais, Colegiatas, Santuários,
grandes Abadias, etc) disponha-se o Santíssimo em uma Capela própria para
favorecer um ambiente mais calmo de oração para os fiéis. Esta é a forma adotada,
por exemplo, nas Basílicas maiores de Roma e funciona muito bem. Estas
basílicas recebem freqüentemente grande número de turistas, mas na Capela do
Santíssimo só se entra para oração e isto propicia aos fiéis momentos de oração
na dita igreja sem serem importunados pela movimentação de turistas no restante
do edifício.
Por fim, vimos que dado as
normas vigentes na Igreja, há 3 possibilidades de se dispor o Sacrário na
Igreja. Os responsáveis pela construção ou reforma dos edifícios dedicados ao
culto devem portanto levar em conta as circunstâncias ao julgarem qual das 3
formas será a mais adequada para cada caso. O que não se deve perder de vista é
o destaque que deve-se dar ao Santíssimo na Igreja: deve ser um ponto de
referência para os fiéis, um lugar de decoro e sacralidade, que demonstre e
testemunhe sensivelmente a Presença de Nosso Senhor nas espécies consagradas,
para que possam os fiéis tributar ao Senhor presente neste Augusto Sacramento a
devida adoração.
Fonte: Site Salvem a Liturgia.
[2] “«A
celebração da Eucaristia no Sacrifício da Missa é, verdadeiramente, a origem e
o fim do culto que se lhe tributa fora da Missa. As sagradas espécies se
reservam depois da Missa, principalmente com o objeto de que os fiéis que não
podem estar presentes à Missa, especialmente os enfermos e os de avançada
idade, possam unir-se a Cristo e ao seu Sacrifício, que se imola na Missa, pela
Comunhão sacramental». Além disso, esta conservação permite também a prática de
tributar adoração a este grande Sacramento, com o culto de latria, que se deve
a Deus. Portanto, é necessário que se promovam vivamente aquelas formas de
culto e adoração, não só privada mas sim também pública e comunitária,
instituídas ou aprovadas pela mesma Igreja.” Idem, ibidem.
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