Nota da
Comissão de Liturgia sobre os Folhetos Litúrgicos
Nota
da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia aos redatores dos “folhetos
litúrgicos” a respeito das monições (comentários) antes da Liturgia da Palavra
A
COMISSÃO
Episcopal Pastoral para a Liturgia (CEPL) realizou, nos dias 02 e 03 de julho
de 2007, em Aparecida, São Paulo um encontro com os responsáveis pelos
“folhetos litúrgicos” do Brasil.
O assunto estudado e debatido pelos
participantes, com a ajuda de nossos assessores, foram os “comentários”
apresentados nos folhetos litúrgicos em diversos momentos da celebração.
Com o pleno consenso dos participantes do
referido encontro, a CEPL faz um apelo a
todos os responsáveis pelos folhetos litúrgicos para que se apresente apenas um
comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade de
preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1a. leitura,
2a. leitura e Evangelho). Assim não mais
se teria, separadamente, um comentário para cada uma das leituras.
Optamos por essa decisão, para darmos mais
valor à Palavra proclamada. Esta não pode ser interrompida ou intercalada com
comentários e explicações que quebram sua unidade e o ritmo da celebração. A
explicação e a atualização da Palavra devem ser feitas em seu local próprio, a
homilia.
A assembléia litúrgica não é apenas
destinatária da ação litúrgica, mas é protagonista, povo sacerdotal, não dependendo de “palavras de ordem” para
participar. A liturgia não é apenas
“palavra” mas uma ação ritual-simbólico-sacramental. Por isso, muito mais do
que um “comentário”, é a atitude do leitor, do salmista, do diácono ou do
presidente da assembléia que vai ajudar para que a Palavra seja ouvida e
acolhida. Neste contexto, para uma frutuosa proclamação e acolhida da Palavra,
adquirem muita importância o ambão, sua localização e sua ornamentação; um bom
microfone; a veste litúrgica própria dos leitores, um refrão orante.
Na celebração litúrgica, as “introduções”
prestam o serviço de “iniciar”, despertar, dispor a assembléia para a escuta
atenta da Palavra. Para usarmos um termo dos Meios de Comunicação Social, estas
“introduções” poderiam ser comparadas às “chamadas” que anunciam e preparam a
assembléia para a escuta do Senhor.
Fundamentamos nosso pedido em dois documentos
litúrgicos:
a) Sacrosanctum Concilium, 35: “Procure-se
também inculcar, por todos os modos, uma catequese mais diretamente litúrgica,
e prevejam-se nas próprias cerimônias, quando necessário, breves
esclarecimentos, feitos só nos momentos mais oportunos, pelo sacerdote ou
ministro competente, com palavras prescritas ou semelhantes às prescritas”.
b) Instrução Geral ao Missal Romano, 31:
“Da mesma forma cabe ao sacerdote, no desempenho da função de presidente da
assembléia, proferir certas admoestações previstas no próprio rito. Quando
estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para
que atendam à compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de
manter sempre o sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a expresse
em poucas palavras. Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na
missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia
da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio,
nunca, porém, dentro da própria Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada
antes da despedida” .
Seria interessante retomar tudo o que o
Missal Romano prevê para a celebração da Liturgia da Palavra, com destaque aos
momentos de silêncio após cada leitura (cf. IGMR, 128-.134). Aí está claro que
os “comentários” não têm a finalidade de dar informações catequéticas ou
moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembléia à plena
participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual, sempre
discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido,
portanto, sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na
ação litúrgica: “que as nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a
sirvam”.
Pedimos
também não mais usar a palavra “comentarista” ou “comentário” em nossos
folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos
usam a palavra “animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se
aproxima da função litúrgica exercida por esta pessoa.
Aproveito a ocasião para agradecer aos
responsáveis pelos folhetos litúrgicos que estiveram presentes no encontro
promovido por nossa Comissão, sua boa vontade e seu empenho em apresentar e
ajudar nossas comunidades a bem celebrarem o Mistério Pascal, como Igreja
reunida pelo Pai, no amor de Cristo, pela ação do Espírito Santo.
Convido a todos para assumirem nosso pedido
neste espírito, e desde já os convido
para o próximo encontro que será nos dias 30 de junho e 1o. de julho de 2008,
em Aparecida, São Paulo.
Aparecida, São
Paulo.
Brasília, 6 de
agosto de 2007.
Festa da
Transfiguração do Senhor
Dom Joviano de Lima Júnior
Arcebispo de
Ribeirão Preto
Presidente da Comissão
Episcopal Pastoral para a Liturgia
Fonte: Texto publicado pelo Pe. Joãozinho, SJC em 27/09/2007 em seu blog.
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