LIMA, 05 Jan. 17 / 07:00 am (ACI).- No documento
intitulado “O dom da vocação presbiteral. Ratio Fundamentalis Institutionis
Sacerdotalis”, a Congregação para o Clero da Santa Sé determinou uma série de
normativas sobre a formação de sacerdotes católicos. O Secretário para os
Seminários desta Congregação, Dom Jorge Carlos Patrón Wong, compartilhou com o
Grupo ACI 4 chaves para entender este importante documento.
O documento do Vaticano, publicado em 8 de dezembro de
2016, substitui o que foi publicado em 1985.
Entre outros artigos chave, ‘O dom da vocação
presbiteral’, “em coerência com o próprio Magistério”, determinou que “a
Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode
admitir ao Seminário e às Ordens Sagradas aqueles que praticam a
homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou
apoiam a chamada cultura gay”.
Estas pessoas, indicou a normativa do Vaticano,
“encontram-se, de fato, em uma situação que constitui um grave obstáculo a um
correto relacionamento com homens e mulheres. De modo algum, se hão de
descuidar as consequências negativas que podem derivar da Ordenação de pessoas
com tendências homossexuais profundamente radicadas”.
A seguir confira as 4 chaves de Dom Jorge Carlos Patrón
Wong para compreender “O dom da vocação presbiteral”:
1. As diferenças
com o texto de 1985 e acentos do novo documento
Dom Patrón Wong explica que “a Igreja é uma instituição
antiquíssima”, por isso “na formação de seus ministros existe a continuidade e
a novidade”.
“Os documentos que regem a formação colocam alguns
acentos, tentando responder à realidade atual e tentando incorporar algumas
experiências positivas da formação e das conclusões das ciências humanas”,
assinala.
Para o Prelado, “uma primeira diferença é que sublinha
ainda mais a formação integral. Trata-se de formar todo o homem, de modo que os
seminaristas possam conseguir um amadurecimento equilibrado em diversos
aspectos da sua vida e do seu futuro ministério, começando sempre pela formação
da pessoa, ou seja, do coração, do profundo, da interioridade”.
Além disso, indica, esta normativa “tem um acento
especial sobre o discernimento vocacional, recomendando que seja feito
continuamente durante o processo formativo, de modo que os seminaristas cheguem
à ordenação sacerdotal mais livres e mais capazes de fazer um verdadeiro
discernimento pastoral”.
“Também há uma atenção no acompanhamento, destacando a
necessidade de que ao longo do processo formativo se cultivem profundas
relações de confiança e transparência entre os formadores e os seminaristas,
para que efetivamente possam ajudá-los”.
O documento também destaca “a importância da comunidade
educativa do Seminário. A formação se realiza sempre no âmbito da comunidade
cristã e, no caso do Seminário, de uma comunidade educativa constituída por
todas as pessoas que colaboram nela: sacerdotes formadores, professores,
funcionários, equipe administrativa”.
2. Processo de
formação para os candidatos ao sacerdócio
Dom Patrón Wong destaca que esta nova normativa “insiste
muito no conceito clássico da gradualidade, ou seja, os valores da vocação
sacerdotal são aprendidos pouco a pouco, em um processo de maturação que demora
um longo período”.
“Trata-se de formar um homem, que deve ter bem cimentada
a sua identidade cristã, para posteriormente facilitar a configuração com
Cristo, Servo, Pastor, Sacerdote e Cabeça. Um processo complexo que exige uma
formação cuidadosa”, precisa.
Neste processo de formação, indica, “propõem-se quatro
etapas, que são praticadas na maioria dos Seminários: a etapa propedêutica ou
introdutória, a etapa do discipulado ou filosófica, a etapa de configuração ou
teológica e a etapa de pastoral ou de síntese vocacional”.
3. Inculturação
O Secretário para os Seminários destaca que, “ao longo de
sua história, a Igreja fez parte de diversas culturas: nasceu hebreia, fez-se
grega e latina; e logo, balcânica, polonesa, hispânica, gálica; e
posteriormente africana, asiática, americana”.
Para a Igreja, explica, “a inculturação é uma regra de
vida. Jamais destrói as culturas, mas tenta que em cada uma delas esteja
presente a pessoa de Jesus e a mensagem do Evangelho se encarne”.
“A Igreja vê com muita seriedade as diferentes culturas,
ainda mais quando são pouco respeitadas. Por isso, valoriza as vocações
indígenas e procura oferecer-lhes uma formação adequada. Além disso, as pessoas
que falam as línguas indígenas são cristãos e têm o direito de ter pastores que
evangelizem sua cultura”, sublinha.
4. Os Seminários
Menores
Segundo Dom Patrón Wong, “o Seminário Menor é uma linda
instituição”, pois “oferece aos adolescentes uma formação juvenil humana e
cristã”.
“Paulo VI dizia que eram lugares de trabalho, de oração e
de família, semelhantes à família de Nazaré. Muitíssimos adolescentes
necessitariam de uma experiência semelhante para conseguir um amadurecimento
integral”.
O Prelado indica que “o Seminário Menor não é uma casa de
formação presbiteral. Na verdade, prepara os adolescentes para que, em algum
momento, possam ter a experiência vocacional suficiente para que, se Deus
quiser, possam escolher a vida sacerdotal. Trata-se de uma formação prévia, ou
remota”.
Esta formação, acrescenta, “também está, de algum modo,
na pastoral juvenil, nos colégios católicos, nos grupos juvenis e nos
movimentos eclesiásticos”, pois “a Igreja está presente de várias maneiras
entre os adolescentes, para ajudá-los em seu crescimento humano, espiritual,
intelectual e apostólico”.
Por Álvaro de Juana e David Ramos
Por Álvaro de Juana e David Ramos
Fonte: Site AciDigital
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