Desde o início do Cristianismo a Quaresma marcou para os
cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, com o objetivo de se
chegar à conversão. Ela nos faz lembrar as palavras de Jesus: “Se não fizerdes
penitência, todos perecereis” (Lc 13,3). Se não deixarmos o pecado, não
poderemos ter a vida eterna em Deus; logo, a atividade mais importante é a
nossa conversão, renunciar ao pecado.
Nada é pior do que o pecado para a vida do homem, da
Igreja e do mundo, ensina a Igreja; por isso Cristo veio, exatamente, “para
tirar pecado do mundo” (cf. Jo 1, 29). Ele é o Cordeiro de Deus imolado para
isso.
São Paulo insistia: “Em nome de Cristo vos rogamos:
reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5, 20);
“exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz:
Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é
o tempo favorável, agora é o dia da salvação.” (2 Cor 6, 1-2).
A Quaresma nos oferece, então, esse “tempo favorável”
para se deixar o pecado e voltar para Deus. E para isto fazemos penitência. O
seu objetivo não é nos fazer sofrer ou privar de algo que nos agrada, mas ser
um meio de purificação de nossa alma. Sabemos o que devemos fazer e como viver
para agradar a Deus, mas somos fracos; a penitência é feitar para nos dar
forças espirituais na luta contra o pecado.
A melhor Penitência, sem dúvida, é a do Sacramento que
tem esse nome. Jesus instituiu a Confissão em sua primeira aparição aos
discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (Jo 20,22) dizendo-lhes: “a quem
vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Não há graça maior
do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz
com a consciência.
Além do Sacramento da Confissão) a Igreja nos oferece
outras penitências que nos ajudam a buscar a santidade: sobretudo o que Jesus
recomendou no Sermão da Montanha (Mt 6,1-8), “o jejum, a esmola e a oração”,
que a Igreja chama de “remédios contra o pecado”.
Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo
tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a
vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma a Igreja quer ensinar-nos
como vencer as tentações de hoje. Vencemos o pecado praticando a virtude oposta
a ele. Assim, para vencer o orgulho, devemos viver a humildade; para vencer a
ganância devemos dar esmolas; para vencer a impureza, praticar a castidade;
para vencer a gula, jejuar; para vencer a ira, aprender a perdoar; para vencer
a inveja, ser bom; para vencer a preguiça, levantar-se e ajudar os outros.
Essas são boas penitências para a Quaresma.
Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm com
objetivo livrar-nos do pecado. O jejum
fortalece o espírito e a vontade para que as paixões desordenadas, (gula, ira,
inveja, soberba, ganância. luxúria, preguiça), não dominem a nossa vida e a
nossa conduta.
A oração fortalece
a alma no combate contra o pecado. Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem
jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em
tentação” (Mt 26,41a); “Pedi e se vos dará” (Mt 7,7). E São Paulo recomendou: “Orai
sem cessar” (I Ts 5,17).
A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada
do jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola
livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a
vida eterna” (Tb 12, 8-9).
“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos
pecados” (Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti
para te livrar de todo o mal” (Eclo 29,15).
Então, cada um deve fazer ma Quaresma um “programa”
espiritual: fazer o jejum que consegue (cada um é diferente do outro); pode ser
parcial ou total. Pode, por exemplo, deixar de ver a TV, deixar de ir a uma festa, uma diversão,
não comer uma comida que gosta ou uma bebida; não dizer uma palavra no momento
de raiva ou contrariedade, não falar de si mesmo, dar a vez aos outros na
igreja, na fila, no ônibus; ser manso e atencioso com os outros, perdoar a todos, dormir um
pouco menos, rezar mais, ir á Missa durante da semana… Enfim, há mil maneiras
de fazer boas penitências que nos ajudam a fortalecer o espírito para que ele
não fique sufocado e esmagado pelo corpo e pela matéria.
A penitência não é um fim em si mesma; é um meio de
purificação e santificação; por isso deve ser feita com alegria.
Fonte: Texto escrito pelo Prof. Felipe Aquino e publicado em seu site pessoal no dia 25 de fevereiro de 2009.
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