Como combinado, aqui está a segunda parte da história do sacrário nas nossas Igrejas! Espero que gostem, e se quiserem ler a primeira parte, é só clicar AQUI!
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Por volta do ano 1000, no
período da arte românica, surge uma terceira forma de receptáculo, a píxide,
uma espécie de caixa decorada. “Normalmente, consistia numa caixa redonda,
algumas vezes quadrada, fechada por uma tampa na maioria das vezes cônica, mas
também achatada. Justamente por essas características, era de uso muito prático
e também de menor custo.”[1]
As pombas e torres, contudo, continuaram a ser usadas. A pomba passou a ser
mais bem trabalhada artisticamente possuindo muitas vezes um pedestal. Durante
o período românico o uso da pomba e da píxide tornou-se bastante comum na
França, ao passo que na Itália o mais comum até o século XVI era guardar a
Eucaristia em um armário em uma das paredes do presbitério ou no secretarium,
uma sacristia. Com o desaparecimento do cibório sobre o altar, apareceram
também novas formas de suspender o receptáculo do Santíssimo. A forma mais
comum era uma haste em forma de cruz no retábulo em cuja voluta se dependurava
o receptáculo.[2]
Lembremos que nessa época a palavra sacrarium designava tanto os receptáculos
eucarísticos quanto os receptáculos para relíquias de santos e outros objetos
sagrados.[3]
Hoje usamos “sacrário” para designar especificamente o receptáculo da Sagrada
Eucaristia e “relicário” para designar os receptáculos de relíquias de santos.
No período gótico, a partir do
século XII aproximadamente, as pombas e píxides passam a ser suspensas acima do
altar (por uma haste na parede ou retábulo, ou pelo teto) cobertas por um véu
ou um dossel. Também no século XIII encontramos em alguns lugares o costume de
por o receptáculo eucarístico sobre o altar.[4]
Porém o uso que mais se disseminou na arte gótica foi o de manter o receptáculo
em um armarinho ou edícula escavada em uma das paredes laterais do presbitério.[5]
Estas eram por vezes chamadas de Sakramenthauz, “Casas do Sacramento”.
Dom Mauro Piacenza descreve
minuciosamente a decoração dessas edículas:
“Tinha-se o cuidado, especialmente nas
igrejas de certa importância, de enfeitar a porta do armarinho com adornos
elegantes e pinturas, emoldurando tudo com um arco agudo sustentado por
pequenos pilares revestidos de arcos e encimados por setas. Procurava-se sempre
decorar com pinturas tanto o interior quanto a porta do armarinho. Uma abertura
circular ou em forma de trevo de três ou quatro folhas, fechada por grades,
aberta na parede na altura do interior do armário, permitia aos fiéis que, de
fora, adorassem em qualquer tempo o Santíssimo Sacramento. Uma lâmpada acesa
diante da abertura indicava, de longe, o lugar em que se conservava o pão
transubstanciado. Com o advento do século XVI, já não nos contentamos com esse
ornamento, que, mesmo significativo e de certo interesse artístico, é ainda
assim um modesto armário. Começam a aparecer as primeiras edículas do
Sacramento, que, num primeiro momento - perto do final do século XIV -, foram
característica quase exclusiva das igrejas do norte da Europa.”[6]
Estas edículas em muitos
lugares adquiriram aspectos de grandes torres que muitas vezes chegavam a tocar
o teto da Igreja. Eram as chamadas “torres do Sacramento”. É também no período
gótico que surgem os primeiros paralelismos entre o receptáculo eucarístico e o
Tabernáculo judaico da Antiga Aliança. Pois a Arca, o Tabernáculo, na Antiga
Aliança simbolizavam a Presença de Deus no meio de Seu Povo. Já o Tabernáculo
eucarístico continha o Senhor substancialmente presente na Eucaristia.[7]
Fica claro na arte gótica o desejo de realçar a majestade do Sacramento da
Eucaristia frente às diversas heresias da época que negavam a Presença Real de
Nosso Senhor no pão e no vinho consagrados. Também é um reflexo do crescimento
das devoções ao Santíssimo Sacramento, suja expressão máxima é a instituição da
Solenidade de Corpus Christi na Liturgia pelo Papa Urbano IV em 1264.[8]
Fonte: Site Salvem a Liturgia.
[1] bidem.
[2] Ibid.
[4] Encontramos
essa forma de receptáculo eucarístico relatados nas Admonitio
synodalis de Regino de Prüm no século IX, bem como no Rationale Divinorum Officiorum de
Guillaume Durand e nos Sínodos de Trier e Münster, no século XIII. Há também
evidências de retábulos em forma de tríptico com cofres para o Santíssimo, como
o altar de Santa Clara na Catedral de Colônia (século XIV) ou combinações de
retábulo com casa do Sacramento como o altar-mor da Igreja de São Martinho de
Ladshut na Bavária, datado de 1424. Idem, Ibidem.
[5] PIACENZA,
Mauro. Op. Cit.
[6] Idem,
Ibidem.
[8] PIACENZA,
Mauro. Op. Cit.
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